terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Precisa-se e precisa-se com urgência, de alguém que faça acontecer.




Em todo este caso cubano, um homem se destaca no horizonte de minha memória.

Quando irrompeu a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, o que importava a estes era comunicar-se rapidamente com o chefe dos insurretos, Garcia, que se sabia encontrar-se em alguma fortaleza no interior do sertão cubano, mas sem que se pudesse dizer exatamente onde. Era impossível um entendimento com ele pelo correio ou pelo telégrafo. No entanto, o Presidente precisava da sua colaboração,, e isto quanto antes. Que fazer?

Alguém lembrou: " Há um homem chamado Rowan: e, se alguma pessoa é capaz de encontrar Garcia, há de ser Rowan".

Rowan foi trazido à presença do Presidente, que lhe confiou uma carta com a incumbência de entregá-la a Garcia. De como este homem, Rowan, tomou a carta, meteu-a num invólucro impermeável, amarrou-a ao peito, e, após quatro dias, saltou, de um barco sem coberta, alta noite, nas costas de Cuba; de como se embrenhou no sertão para, depois de três semanas, surgir do outro lado da ilha, tendo atravessado a pé um país hostil e entregue a carta a Garcia - são cousas que não vêm ao caso narrar aqui pormenorizadamente. O ponto que desejo frisar é este: Mac Kinle deu a Rowan uma carta destinada a Garcia: Rowan tomou-a e nem sequer perguntou: “Onde é que ele está? ”

Salve! Eis aí um homem cujo busto merecia ser fundido em bronze e sua estátua colocada em cada escola. Não é de sabedoria livresca que a juventude precisa, nem de instrução sobre isto ou aquilo. Precisa, sim, de um endurecimento das vértebras, para poder mostrar-se altiva, no exercício de um cargo; para atuar com diligência, para dar conta do recado; para, em suma, levar "uma mensagem a Garcia".

O general Garcia já não é deste mundo, mas há outros Garcias. A nenhum homem que se tenha empenhado em levar avante uma empresa, em que a ajuda de muitos se torne precisa, têm sido poupados momentos de verdadeiro desespero ante a imbecilidade de grande número de homens, ante a inabilidade ou falta de disposição de concentrar a mente numa determinada cousa e fazê-la.

A regra geral é: assistência irregular, desatenção tola, indiferença irritante e trabalho mal feito.

Ninguém pode ser verdadeiramente bem sucedido, salvo se lançar mão de todos os meios ao seu alcance; quer da força, quer do suborno, para obrigar outros homens a ajudá-lo, a não ser que Deus Onipotente, na sua grande misericórdia, faça um milagre, enviando-lhe, como auxiliar, um anjo de luz. 

Leitor amigo, tu mesmo podes tirar a prova. Estás sentado no teu escritório, rodeado de meia dúzia de empregados. Pois bem, chama um deles e pede-lhe: "Queira ter a bondade de consultar a enciclopédia e de me fazer uma descrição resumida da vida de Corrégio".

 Dar-se-á o caso do empregado dizer calmamente: "Sim, Senhor" e executar o que lhe pediste? 

 Nada disso! Olhar-te-á admirado para fazer uma ou algumas das seguintes perguntas: 

 Quem é ele?

 Que enciclopédia? 

 Onde é que está a enciclopédia?

 Fui eu acaso contratado para fazer isso?

 E se Carlos o fizesse?

 Já morreu?

 Precisa disso com urgência? 

 Não será melhor que eu traga o livro para que o senhor mesmo o procure o que quer?

Para que quer saber isso?

E aposto dez contra um que, depois de haveres respondido a tais perguntas, e explicado a maneira de procurar os dados pedidos e a razão por que deles precisas teu empregado irá pedir a um companheiro que o ajude a encontrar Corrégio e, depois, voltará para te dizer que tal homem não existe. Evidentemente, pode ser que eu perca a aposta; mas, seguindo a regra geral, jogo na certa. Ora, se fores prudente, não te darás ao trabalho de explicar ao teu "ajudante" que o Corrégio se escreve com "C" e não com "K", mas limitar-te-ás a dizer calmamente, esboçando o melhor sorriso: "Não faz mal; não se incomode", e, dito isto, levantar-te-ás e procuras tu mesmo. E esta dificuldade de atuar independentemente, esta incapacidade moral, esta franqueza da vontade, esta falta de disposição de solicitamente se pôr em campo e agir - são as causas que impedem o advento do socialismo puro. Se os homens não tomam a iniciativa de agir em seu próprio proveito, que farão se o resultado do seu esforço redundar em benefício de todos? Por enquanto parece que os homens ainda precisam de ser dirigidos. O que mantém muito empregado no seu posto e o faz trabalhar é o medo de, se não o fizer, ser despedido no fim do mês. Anuncia precisar de um taquígrafo, e nove entre dez candidatos à vaga não saberão ortografar nem pontuar - e, o que é mais, pensam que não é necessário sabê-lo.

Poderá uma pessoa  destas escrever uma carta a Garcia?

“Vê aquele guarda-livros", dizia-me um chefe de uma grande fábrica".

"Sim, que tem?"

"É um excelente guarda-livros. Contudo, se eu o mandasse dar um recado, talvez se desobrigasse da incumbência a contento, mas também podia muito bem ser que no caminho entrasse em duas ou três casas de bebidas, e que, quando chegasse ao seu destino, já não se recordasse da tarefa que lhe fora dada".

Será possível confiar-se a um tal homem uma carta para entregá-la a Garcia?

Ultimamente temos ouvido muitas expressões sentimentais, demonstrando simpatia para com os pobres entes que lutam de sol a sol, para com os infelizes desempregados à cata do trabalho honesto, e tudo isto, quase sempre, entremeado de muita palavra dura para com os homens que estão no poder.

Nada se diz do patrão que envelhece antes do tempo, num esforço inútil para induzir eternos desgostosos e descontentes a trabalhar conscienciosamente; nada se diz de sua longa e paciente  procura de pessoal, que, no entanto, muitas vezes nada mais faz do que "matar o tempo", logo que ele volta as costas. Não há empresa que não esteja despedindo pessoal que se mostra incapaz de zelar pelos seus interesses, a fim de substituí-lo por outro mais apto. Este processo de seleção por eliminação está se operando incessantemente, em tempos adversos, com a única diferença, que, quando os tempos são maus e o trabalho escasseie, a seleção se faz mais escrupulosamente, pondo-se fora, para sempre, os inaproveitáveis. É a lei da sobrevivência do mais capacitado. Cada patrão, no seu próprio interesse, trata somente de guardar os melhores - aqueles que podem "levar uma mensagem a Garcia". 

Conheço um homem de aptidões realmente brilhantes, mas sem a fibra necessária para dirigir um negócio próprio, e que ainda se torna completamente nulo para qualquer outra pessoa, devido à suspeita que constantemente abriga de que seu patrão o esteja oprimindo ou tencione oprimi-lo. Sem poder mandar, não tolera que alguém o mande. Se lhe fosse confiada uma mensagem a Garcia, retrucaria provavelmente: "Leve-a você mesmo".

Hoje este homem perambula errante pelas ruas em busca de trabalho, em estado quase de miséria. No entanto, ninguém que o conheça se aventura a dar-lhe trabalho porque é a personificação do descontentamento e do espírito de discórdia. Não aceitando qualquer conselho ou advertência, a única cousa capaz de nele produzir algum efeito seria um bom pontapé dado com a ponta de uma bota de número 42, sola grossa e bico largo.

Sei, não resta dúvida, que um indivíduo moralmente aleijado como este, não é menos digno de compaixão que um fisicamente aleijado. Entretanto, nesta demonstração de compaixão, vertamos também uma lágrima pelos homens que se esforçam por levar avante uma grande empresa, cujas horas de trabalho não estão limitadas pelo som do apito e cujos cabelos ficam muito cedo envelhecidos na incessante luta em que estão empenhados contra a indiferença desdenhosa, contra a imbecilidade crassa e a ingratidão atroz, justamente daqueles que, sem o seu espírito empreendedor, andariam famintos e sem lar. 

Dar-se-á o caso de eu ter pintado a situação em cores demasiado carregadas? Pode ser que sim; mas quando todo mundo se prende a divagações, quero lançar uma palavra de simpatia ao homem que dá êxito a um empreendimento, ao homem que, a despeito de uma porção de empecilhos, sabe dirigir e coordenar os esforços de outros, e que, após o triunfo, talvez verifique que nada ganhou: nada salvo a sua simples subsistência.

Também eu carreguei marmitas e trabalhei como jardineiro, como, também, tenho sido patrão. Sei, portanto, que alguma cousa pode dizer de ambos os lados.

Não há excelência na pobreza em si mesma; farrapos não servem de recomendação. Nem todos os patrões são gananciosos e tiranos, da mesma forma que nem todos os pobres são virtuosos.

Todas as minhas simpatias pertencem ao homem que trabalha conscienciosamente, quer o patrão esteja, quer não. E o homem que, ao lhe ser confiada uma carta para Garcia, tranquilamente toma a missiva, sem fazer perguntas idiotas, e sem a intenção oculta de jogá-la na primeira sarjeta que encontrar, ou praticar qual quer outro gesto que não entregá-la ao destinatário, este homem nunca fica "encostado", nem tem que se declarar em greve para forçar um aumento de ordenado.

A civilização busca ansiosa, insistentemente, homens nestas condições. Tudo que um tal homem pedir, se lhe há de conceder. Precisa-se dele em cada cidade, em cada vila, em cada lugarejo, em cada escritório, em cada oficina, em cada loja, fábrica ou venda. O grito do mundo inteiro praticamente se resume nisso: 

Precisa-se e precisa-se com urgência, de um homem capaz de levar uma mensagem a Garcia. 

Uma Mensagem a GARCIA - Ensaio escrito originalmente em 1899 por Elbert Hubbard.

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Até a próxima.


Laierte Dias

Pronto Sistemas